sexta-feira, 5 de agosto de 2016



Felicidade e a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Nosso Rio de Janeiro, amado e maltratado, belo e poluído, alegre, apesar das tristezas cotidianas.




Todos sabem do pão escasso e do circo armado, do esgoto aberto e do portão fechado para o trabalhador. Do superfaturamento e da esmola disfarçada de legado.


Ontem, hoje, amanhã, sempre é tempo de amar este imenso país, sua cultura e diversidade, sua gente guerreira que tudo enfrenta com ânimo forte.


Brasil sintetizado nas emoções em relação ao ponto de acumulação em longa história, linda cidade cultural em nossa pátria memória.


Ninguém melhor do que Vinícius de Moraes para presenciar e expressar o que sentimos neste momento.


"Tristeza não tem fim

Felicidade sim

A felicidade é como a pluma

Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A felicidade do pobre parece

A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim

Felicidade sim

A felicidade é como a gota

De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade é uma coisa boa

E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem

Tristeza não tem fim

Felicidade sim

A minha felicidade está sonhando

Nos olhos da minha namorada
É como esta noite, passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre com o dia
Oferecendo beijos de amor"

Vinicius de Moraes

terça-feira, 19 de julho de 2016

Espaço X tempo entrelaçados entre os buracos negros de Vargas, Temer e Erdogan...

ENTRE VARGAS E TEMER, ERDOGAN...

É inevitável a associação entre a articulação adotada por Recep Erdogan a partir da alegada "tentativa de golpe frustrada" e o comportamento historicamente repetido, inclusive em episódios que marcaram o Brasil no século XX, de apontar o inimigo enquanto se rouba a democracia.


Assim como Getúlio Vargas utilizou a repressão ao movimento comunista de 1935 para suprimir as liberdades e garantias individuais, abrindo caminho para o Estado Novo de 1937, Erdogan reencena com novos atores a geopolítica da história mistificada (ardis da manipulação contemporânea, comparável a faróis diurnos em exclusão aos noturnos em equivocada compreensão de iluminadas latitudes tropicais).


Porém, muito além da nova queda da Constantinopla às portas européias, em sentido eurasiático de contragolpe, avizinhada e imiscuída com grupos divisores da Síria e do "modus operandi" típico de Vladimir Putin, nosso Brasil, que disputa com a Turquia pelos mais altos níveis de taxas de juros mundiais, também encontra sua mistificação, personificada em Michel Temer, dentre cavaleiros submetidos após o século do aço em sequências mentirosas de efeitos que seguem massacrando as multidões mais indefesas.


A realidade também é distorcida pelos interesses da pessoalidade e do favorecimento de poucos grupos em detrimento da maioria humana desprovida de potestatividade, até mesmo para a defesa dos seus direitos mais elementares, inclusive em relação ao valor e ao modo de trabalho e à previdência.


Sem segurança, quer seja em "safety" da aeronave, quer seja em "security" da intervenção ilícita, seguimos ameaçados por terroristas que se disfarçam em meio a explosivas manobras contra a Lava Jato e às partidas e chegadas simultâneas do país continental dependente de modais precários de transporte, que retarda muito mais do que o trânsito urbano e eleva os perigos de acidentes nas estradas-gargalos de logística muito mais do que as demandas imediatas nas longas filas dos aeroportos, resvalando em meio ao ricochete balístico de grosso calibre que alveja o cidadão-contribuinte-eleitor (Hélio Fernandes) consumido na demora judicial que torna ineficiente, ineficaz e inefetiva a solução de litígios pelos meios oficiais. 


As exceções são louváveis e esperamos que prevaleçam sobre essa inversão que torna vices decorativos e capitalistas de quadrilha falsos heróis em impossível diferenciação em relação ao grupo de idênticos objetivos ao qual acusa.


Pedro Ricardo Maximino

18/07/2016

quinta-feira, 11 de junho de 2015

"Superpatógenos" e blasfêmias na capital: entre piratas e corsários.

A bagunça é decorrente do descaso nos setores da política, da economia, das finanças púbiicas, da saúde, da educação e dos transportes pelo país, a começar pela capital da sacaneada República Federativa do Brasil.

Na rodoviária central de Brasília, os pregões anunciam os ônibus piratões (caindo aos pedaços e nas vagas dos ônibus regulares que não circulam há três dias, no bigode da polícia e da fiscalização do DF) em meio à greve geral daquele que é praticamente o único transporte público da capital (pois Brasília, como péssimo exemplo nacional, quase não tem metrô). A população afirma: "prefiro os piratas aos corsários"(concessionários que também cobram caro e circulam com um nível semelhante de conforto e de risco, dentro da normalidade do transporte de gado humano da capital, refletido em todo país).

Trata-se de uma situação extrema, pois normalmente é preciso ter coragem para ser pirata na terra dos corsários. As multas são aplicadas com rigor e as propinas são mais caras em Brasília. No entorno, o risco associado à violência do barril de pólvora do abandonado cinturão do DF e da insegurança pública, tornam inviáveis econômica e biologicamente tal empreendimento.

Nos hospitais do DF chamam a atenção as superbactérias, consequência natural de inúmeros descasos, dentre os quais com a higiene e com a contaminação. Com tanta roubalheira do implosivo governador sucedido, o corte atingiu covardemente a saúde de quem mais precisa na capital, e foram cortados itens mínimos de funcionamento, como seringas descartáveis, antissépticos e equipamentos de proteção e funcionamento hospitalar basilares. A natureza grita diante da maior estupidez e covardia humana, mas as vítimas são sempre aqueles que não causaram os males, a população pobre e dependente da saúde pública na riquíssima e desigual capital brasileira.

Nas nobre e caríssimas cortes, os agentes patogênicos mais perigosos e os cânceres do Brasil parecem muito religiosos e blasfemam de todas as formas, a começar por MIchel Temer, na ridícula comparação de Joaquim Levy com nosso Senhor Jesus Cristo. Até a citação Dílmica, falando ao "Estado de São Paulo", de Judas para o Joaquim (que não é o 18º rei de Judá) e Levy (que não tem sobrenome Fidelix e nem é filho de Jacó) é estapafúrdica, diante de tantas traições de seus partidos ao trabalhador brasileiro.

Blasfêmias, pecados imperdoáveis, mistificação e retirada de foco das questões principais, caráter dúbio e reacionário em questões inconvenientes. Reforma políltica inócua. Menoridade penal como símbolo da incompetência fruto do descaso com a questão da segurança pública e da criminalidade que nos esfaqueia. Professores vilipendiados e universidade paralisadas na escala loucamente invertida que desvaloriza aqueles que irão formar pessoas pensantes e agentes em todas as áreas do conhecimento e profissôes. Educação básica pro fundamente enganada em nossa história de analfabetismo funcional e incapacidade crítica resultante. Tudo para se manterem como governantes de uma população acéfala.

Depois de pedaladas e promessas vâs da presidente governanta (com uma virada para a mesma página de concessões furadas e obscuras, com recursos dos contribuintes, para as demandas sempre urgentes e não atendidas em quatorze anos de desgoverno) ao término viagens com os cofres públicos dos puritanos, blasfemando entre Paris e em comitiva na Terra Santa, com parada final de encontro russa dos BRICS, única com aparência de alguma importância geopolítica, caso seja feita com seriedade, apesar de se mostrar ainda, de tão mal gerida, incipiente, inconsistente e pedulária na prática.

Precisamos despertar e lutar, pois ainda parecemos anestesiados desde 2013, época em que constatamos a falta de representatividade, mas não a contestamos como era bem merecido. Urge a nossa reação, visto que seremos os primeiros e principais e certamente já sofremos as consequências que se aprofundam nessa historicamente repetitiva espiral negativa, que tonteia e se disfarça de agenda positiva.